= LUÍS DE CAMÕES = |
Biografia do Autor Luís Vaz de Camões é considerado o maior poeta português. Nunca existiu, nem em Portugal nem em qualquer outra parte do mundo, poeta algum que igualasse a dedicação de Camões à sua pátria através da produção de uma tão grandiosa obra épica, Os Lusíadas, publicada em 1572. Os Lusíadas são o culminar de toda uma cultura e de uma civilização. Camões é considerado um poeta fora do seu tempo, pois a sua modernidade e a sua erudição são visíveis no modo como esta obra, tanto no estilo épico como no estilo lírico, se estrutura. Camões pode ser assim considerado um grande poeta humanista e um novo homem da Renascença. Nasceu em 1524 ou 1525, segundo documentos publicados por Faria e Sousa, em Lisboa ou em Coimbra (a data e o local do seu nascimento não são certos). Segundo o registo da lista de embarque para o Oriente do ano de 1550, na inscrição de Luís de Camões é-lhe atribuída a idade de 25 anos. O Padre Manuel Correia, que o conheceu pessoalmente, dá-o como nascido em 1517. Filho de Simão Vaz de Camões e Ana de Sá Macedo, família nobre estabelecida em Portugal na época de D. Fernando, foi educado sob o império do Humanismo, e terá eventualmente estudado na universidade em Coimbra, de 1531 a 1541, onde D. Bento de Camões, seu tio, era chanceler. Era esse mesmo seu tio, sacerdote e sábio, que o auxiliava nos estudos, mas ainda antes de Luís de Camões acabar o seu curso, partiu para Lisboa. Reinava D. João II e, como Camões era fidalgo, podia frequentar as festas e saraus da corte no palácio real, tendo sido aí que conheceu aquela que ele queria que viesse a ser a sua esposa, D. Catarina de Ataíde. Devido à rigorosa tradição da corte, Camões teve que se afastar desta linda menina, a quem ele tratava pelo nome inventado de Natércia nos diversos poemas a ela consagrados, e foi exilado por ordem do rei para o Ribatejo (Constância), onde permaneceu durante dois anos até se alistar como soldado e partir para Ceuta. Foi nesta viagem que Camões avaliou por si o esforço formidável de um povo audacioso e persistente, que foi capaz de vencer os difíceis obstáculos desta travessia de forma pioneira. Apesar de ter sido um grande poeta, foi também um grande patriota e um grande soldado. Defendeu Portugal em guerras na África e na Ásia. Em 1547 partiu para Ceuta, depois de ter estado na corte de 1542 a 1545. Em Ceuta perdeu um olho quando lutava em favor de D. João III. Três anos mais tarde voltou a Portugal e teve vários duelos, num dos quais feriu Gonçalo Borges, arreeiro de D. João III, o que lhe custou um ano de prisão no Tronco. Diz-se que foi nesse ano de prisão que Camões compôs o primeiro canto da sua obra Os Lusíadas. Obteve a liberdade mediante promessa de embarcar para a Índia como simples homem de guerra e embarcou para Goa em 1553. Aí conviveu com o vice-rei D. Francisco de Sousa Coutinho e manteve também relações amistosas com Diogo de Couto, eminente historiador português. Foi aí que escreveu o “Auto de Filodemo”, o qual representou para o governador Francisco Barreto. Ainda na Índia compôs uma ode a D. Constantino de Bragança, em que o defendia de acusações supostamente falsas que lhe eram feitas. Da Índia passou a Macau, onde os portugueses tinham fundado uma colónia mesmo em frente ao mar. Aqui conheceu o escravo Jau António, companheiro que esteve sempre com ele até à morte e, ao que consta, mendigou pelas ruas de Lisboa para assegurar a sua sobrevivência. Foi chamado a Goa mas, no caminho para a Índia, o barco onde navegava naufragou junto à foz do rio Mekong e surge então o mito de que ele tenha ido até à costa a nado só com um dos braços, visto no outro levar consigo a sua tão próspera epopeia. É neste naufrágio que perde a vida a sua amada Dinamene, uma jovem chinesa a quem se tinha afeiçoado. Foi a descida do Oceano Atlântico, a passagem do Cabo da Boa Esperança e todas aquelas viagens que levaram Camões a glorificar na sua obra os lugares por onde a armada de Vasco da Gama tinha já passado, lugares esses cujas rotas muito custaram a descobrir, razão ainda para dignificar o povo lusitano. Regressou a Lisboa em 1569 e, em 1572 foi então publicada a obra Os Lusíadas. Foi-lhe concedida por D. Sebastião uma tença anual de 15 mil reis que só recebeu durante três anos, pois faleceu no dia 10 de Junho de 1580 em Lisboa, na miséria. O seu enterro teve de ser feito a expensas de uma instituição de beneficência, a Companhia dos Cortesãos. Após a sua morte, foi D. Gonçalo Coutinho que mandou esculpir na sua pedra o seguinte letreiro: “Aqui Jaz Luís de Camões, Príncipe dos Poetas de seu Tempo. Viveu Pobre e Miseravelmente e Assim Morreu. - Esta campa lhe mandou pôr D. Gonçalo Coutinho, na qual se não enterrará pessoa alguma.” A comemoração do dia da sua morte é actualmente nomeada como o “Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas”, sendo feriado nacional. Nota: Muitos dos dados biográficos de Camões não estão suficientemente documentados e existem até informações contraditórias. Estas parecem ser, ainda assim, as informações mais fidedignas. |
Os Lusíadas são uma obra do séc. XVI.
Este século, caracterizado por uma grande viragem no pensamento humano, é marcado por três grandes movimentos culturais: o Humanismo, o Renascimento e o Classicismo.
Humanismo
No Humanismo, o Homem encontra-se no centro das atenções, dando lugar ao antropocentrismo (antropos significa Homem) que se opõe ao teocentrismo (Deus no centro).
Trata-se de um movimento intelectual europeu que procurou vigorosamente descobrir e reabilitar a literatura e o pensamento da Antiguidade Clássica e que tem como interesse central o Homem, no pleno desenvolvimento das suas capacidades e empenhado na acção, havendo aqui uma nítida oposição à concepção hierárquica e feudalista do Homem medieval.
Renascimento
O Renascimento desenvolveu-se em países da Europa Central e Ocidental, como a Itália (passando sucessivamente de Florença a Siena e depois a Roma, e alastrando posteriormente a toda a Península Italiana), nos séculos XIV a XVI e veio a irradiar e a ter fundas repercussões na cultura de praticamente todos os países do continente europeu. As figuras de proa do movimento gostavam de se apresentar como críticos do"obscurantismo" medieval, numa atitude de contestação à tradicional influência da religião na cultura, no pensamento e na vida quotidiana ocidental.
Renascimento
O Renascimento desenvolveu-se em países da Europa Central e Ocidental, como a Itália (passando sucessivamente de Florença a Siena e depois a Roma, e alastrando posteriormente a toda a Península Italiana), nos séculos XIV a XVI e veio a irradiar e a ter fundas repercussões na cultura de praticamente todos os países do continente europeu. As figuras de proa do movimento gostavam de se apresentar como críticos do"obscurantismo" medieval, numa atitude de contestação à tradicional influência da religião na cultura, no pensamento e na vida quotidiana ocidental.
O movimento renascentista começa por ser uma contestação da ideologia dominante durante o milénio medieval: à civilização cristã contrapõe-se uma ideologia antropocêntrica, revelando um desiderato de fazer renascer a Antiguidade greco-latina, que, na interpretação então prevalecente, se caracterizara precisamente por colocar o Homem no centro do universo e representava um ideal de civilização natural.
Classicismo
O Classicismo consiste num sentimento de admiração pela Antiguidade Clássica e no desejo de imitação da cultura greco-romana e de retoma dos seus valores, reflectindo-se em todas as artes como a pintura, a escultura e a literatura.
Com base nos modelos clássicos greco-romanos, este movimento tem como principais valores a harmonia, a simplicidade, o equilíbrio, a precisão e o sentido das proporções. Refira-se, como exemplo na pintura, Leonardo da Vinci e Rafael. Os estudos das poéticas de Horácio e de Aristóteles disciplinam a desordem artística medieval.
O enriquecimento filosófico e estético que oferece o estudo de Platão, Homero, Sófocles, Ésquilo, Ovídio, Virgílio e Fídias, dá aos valores ocidentais maior dignidade artística e intelectual. A Itália, detentora dos valores clássicos, latinos e gregos, é considerada o berço deste movimento, com Dante, Petrarca e Bocaccio.
Camões escreveu Os Lusíadas sob a forma de narrativa épica ou epopeia, forma muito utilizada na Antiguidade Clássica e que Camões conhecia bem.
Camões escreveu Os Lusíadas sob a forma de narrativa épica ou epopeia, forma muito utilizada na Antiguidade Clássica e que Camões conhecia bem.
Uma epopeia, forma literária da Antiguidade Clássica, define-se como uma narrativa, estruturada em verso, que narra, através de uma linguagem cuidada, os feitos grandiosos de um herói com interesse para toda a Humanidade.
Aristóteles, filósofo grego que viveu durante o séc. III a.C., descreveu os requisitos necessários à composição de uma epopeia na sua obra intitulada Poética, redigida entre 334 e 330 a.C..
= O género épico = |
O género épico remonta à Antiguidade Clássica ou greco-latina, sendo os seus expoentes máximos Homero (séc. VIII a.C.) que escreveu a Ilíada e a Odisseia e Virgílio (séc. I a.C.) o autor da Eneida. A epopeia é um género narrativo redigido em verso, em estilo elevado, que visa celebrar feitos grandiosos de heróis ímpares, reais ou lendários. Assim, tem sempre um fundo histórico. De notar que o género épico é um género narrativo e que exige na sua estrutura a presença de uma acção, desempenhada por diferentes personagens num determinado espaço e tempo. O estilo é elevado e grandioso e possui uma estrutura própria, que é a seguinte: Proposição - em que o autor apresenta a matéria do poema; Invocação - às musas ou outras divindades e entidades míticas protectoras das artes; Dedicatória - em que o autor dedica o poema a alguém, sendo esta facultativa; Narração - a acção é narrada por ordem cronológica dos acontecimentos, mas inicia-se já no decurso dos acontecimentos (“in medias res”), sendo a parte inicial narrada posteriormente num processo de retrospectiva ou analepse; Presença de mitologia greco-latina - contracenando heróis mitológicos e heróis humanos. |
= estrutura externa = |
A obra divide-se em dez partes, às quais se chama cantos. Cada canto tem um número variável de estrofes (110 em média). O canto mais longo é o X, com 156 estrofes. Proposição – Canto I, estrofes 1, 2 e 3; Invocação (às Tágides, ninfas do rio Tejo) – Canto I, estrofes 4 e 5; Dedicatória (ao rei D. Sebastião) – Canto I, estrofes 6 a 18; Narração – Canto I, estrofe 19, até ao canto X, estrofe 156. As estrofes são oitavas. Os versos são decassílabos, na sua maioria heróicos (acentuados na sexta e décima sílabas). A rima é cruzada nos seis primeiros versos e emparelhada nos dois últimos. | ||
= estrutura interna = | ||
= Planos temáticos = |
Plano da Viagem A narração dos acontecimentos durante a viagem entre Lisboa e Calecut:
Plano da História de Portugal Em Melinde, Vasco da Gama narra ao rei os acontecimentos de toda a nossa História, desde Viriato até ao reinado de D. Manuel I. Em Calecut, Paulo da Gama apresenta ao Catual os episódios e as personagens representados nas bandeiras das naus. A história posterior à viagem de Vasco da Gama é-nos narrada em prolepse, através de profecias. Plano do Poeta Considerações e opiniões do autor, expressões nomeadamente no início e no fim dos cantos. Destacam-se os momentos em que o poeta: 1. Refere aquilo que o homem tem de enfrentar: “os grandes e gravíssimos perigos”, a tormenta e o dano no mar, a guerra e o engano em terra (Canto I, est. 105-106); 2. Põe em destaque a importância das letras e lamenta que os portugueses nem sempre saibam aliar a força e a coragem ao saber e à eloquência (Canto V, est. 92-100); 3. Realça o valor das honras e das glórias alcançadas por mérito (Canto VI, est. 95-96); 4. Faz a apologia da expansão territorial por espalhar a fé cristã. Critica os povos que não seguem o exemplo do povo português que, com atrevimento, chegou a todos os cantos do mundo (Canto VII, est. 2-14); 5. Lamenta a importância atribuída ao dinheiro, fonte de corrupções e de traições (Canto VII, est. 96-99); 6. Explica o significado da Ilha dos Amores (Canto IX, est. 89-92); 7. Dirige-se a todos aqueles que pretendem atingir a imortalidade, dizendo-lhes que a cobiça, a ambição e a tirania são honras que não dão verdadeiro valor ao homem (Canto IX, est. 93-95); 8. Confessa estar cansado de “cantar a gente surda e endurecida” que não reconhecia nem incentivava as suas qualidades artísticas que reafirma nos seus últimos 4 versos da estrofe 154 do Canto X, ao referir-se ao seu “honesto estudo”, à “longa experiência” e no “engenho”, “causas que raramente”. Reforça a apologia das letras (Canto V, est. 92-100); 9. Manifesta o seu patriotismo e exorta D. Sebastião a dar continuidade à obra grandiosa do povo português (Canto X, est. 145-156). Plano da Mitologia A mitologia permite a evolução da acção (os deuses assumem-se como adjuvantes ou como oponentes dos portugueses) e constitui, por isso, a intriga da obra. |
= Os cantos = |
Os Dez Cantos d' Os Lusíadas CANTO PRIMEIROPOETA
VIAGEM
MARAVILHOSO
NARRADOR
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= Os episódios = | ||
Episódios Presentes n' Os Lusíadas Episódios Mitológicos: Episódio Cavalheiresco: Episódios Bélicos: Episódios Líricos: Episódios Naturalistas: Episódios Simbólicos: |
Consílio dos Deuses no Olimpo |
O consílio dos Deuses no Olimpo é um modo de interligar os deuses com a viagem. Será no Olimpo que se decidirá “sobre as cousas futuras do Oriente”, tendo sido este consílio convocado por Júpiter, pai dos deuses. A disposição hierárquica que é feita nesta reunião apresenta-se de maneira a que os considerados deuses menores (deuses dos “sete céus”) exponham também as suas opiniões sobre o seguimento ou não da armada portuguesa em direcção ao Oriente. Júpiter profere o seu discurso, anunciando a sua boa vontade em relação ao prosseguimento da viagem dos lusitanos e e o seu desejo de que estes sejam recebidos como bons amigos na costa africana. Júpiter diz que, pelo facto dos portugueses enfrentarem mares desconhecidos e também por estar decidido pelos Fados que os feitos do povo lusitano farão esquecer os dos Assírios, Persas, Gregos e Romanos, a sua navegação deve continuar. Após este discurso, são consideradas outras posições, em que se destaca a oposição de Baco uma vez que este receia vir a perder toda a fama que havia adquirido no Oriente caso os portugueses atinjam o seu objectivo. Uma outra posição de destaque é a de Vénus, que defende os portugueses não só por serem uma gente muito semelhante aos seus amados romanos e com uma língua derivada do Latim, como também por terem demonstrado grande valentia no norte de África. Já Marte, deus da guerra, defende igualmente a gente lusitana, porque o amor antigo que o ligava a Vénus o leva a tomar essa posição e porque reconhece a bravura deste povo. No seu discurso, Marte pretende que Júpiter não volte atrás com a sua palavra e pede a Mercúrio - o mensageiro do Olimpo - que colha informações sobre a Índia, pois começa a desconfiar da posição tomada por Baco. Este consílio termina com a decisão favorável aos portugueses e cada um dos deuses regressa ao seu domínio celeste. |
Morte de Inês de Castro |
Alterações resultantes da poetização
Recursos estilísticos usadosAdjectivação:
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Tempestade | ||
Estado de espírito dos navegadores ao longo do texto - aflição, medo, coragem. Surgimento da tempestade e sua descrição. Da tranquilidade passa-se à tempestade (est. 70-71). Descrição:
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Velho do Restelo | ||
No momento da largada, ergue-se a voz de um respeitável velho que sobressai de entre todas as que se tinham feito ouvir até então. Ela representa todos aqueles que se opunham à louca aventura da Índia e preferiam a guerra santa no Norte de África. Se as falas das mães e das esposas representam a reacção emocional àquela aventura, o discurso do velho exprime uma posição racional, fruto de bom senso da experiência (“tais palavras tirou do experto peito”) e do sentido das vozes anónimas ligadas ao cultivo da terra, sobretudo no norte do país, defensoras de uma política de fixação oposta a uma política de expansão com adeptos mais a sul. E assim, o Gama, que representa o homem sempre insatisfeito e que está disposto a enfrentar os mais difíceis obstáculos e a suportar os mais duros sacrifícios para conseguir o seu objectivo, tinha perfeita consciência da lógica, da verdade e sensatez das palavras do Velho do Restelo na condenação moral da empresa, mas não lhe podia dar ouvidos porque levava dentro de si um incentivo maior e mais forte, um dever a cumprir imposto pelo rei e pela pátria e até um imperativo ético e psicológico. No entanto, as palavras pessimistas do velho acabam por evidenciar o heroísmo daquele punhado de homens, tanto maior quanto mais consciente. O Velho do Restelo fala como um poeta humanista que exprime desdém pelo “povo néscio” ou seja, o clássico horror ao vulgo. Há portanto uma contradição entre o discurso pacifista do velho e a épica exaltação dos heróis e seus feitos de armas. A personagem seria um porta-voz da ideologia característica da formação humorística de Camões. O Velho do Restelo é o próprio Camões erguendo-se acima do encadeamento histórico e medindo a realidade à luz os valores do Humanismo. Ele é o humanista que torna a palavra, humanista para quem os acontecimentos que lhe servem de tema constituem apenas o material para um poema e que reserva constantemente a sua liberdade de juízo. |
O Gigante Adamastor |
Cinco dias depois da paragem na Baía de Santa Helena, chega Vasco da Gama ao Cabo das Tormentas e é surpreendido por uma nuvem negra “tão temerosa e carregada” que põe nos corações dos portugueses um grande “medo” e leva Vasco da Gama a evocar o próprio Deus todo poderoso. Foi o aparecimento do Gigante Adamastor, uma figura mitológica criada por Camões para significar todos os perigos, as tempestades, os naufrágios e “perdições de toda sorte” que os portugueses tiveram de enfrentar e transpor nas suas viagens. Esta aparição do Gigante é caracterizada directa e fisicamente com uma adjectivação abundante e é a imponência da sua figura e o terror e estupefacção de Vasco da Gama, e seus companheiros, que leva este último a interrogar o Gigante quanto à sua figura, perguntando-lhe simplesmente “Quem és tu?”. Mas mesmo os gigantes têm os seus pontos fracos. Este que o Gama enfrenta é também uma vítima do amor não correspondido e a questão de Vasco da Gama leva o gigante a contar a sua história sobre o amor não correspondido. Apaixona-se pela bela Tétis que o rejeita pela “grandeza feia do seu gesto”. Decide então, “tomá-la por armas” e revela o seu segredo a Dóris, mãe de Tétis, que serve de intermediária. A resposta de Tétis é ambígua, mas ele acredita na sua boa fé. Acaba por ser enganado. Quando na noite prometida julgava apertar o seu lindo corpo e beijar os seus “olhos belos, as faces e os cabelos”, acha-se abraçado “cum duro monte de áspero mato e de espessura brava, junto de um penedo, outro penedo”. Foi rodeado pela sua amada Tétis, o mar, sem lhe poder tocar. O discurso do Gigante, que se divide em duas partes de acordo com a intervenção de Vasco da Gama, compreende, na primeira, um carácter profético e ameaçador num tom de voz “horrendo e grosso”, anunciando os castigos e os danos por si reservados para aquela “gente ousada” que invadira os seus “vedados términos nunca arados de estranho ou próprio lenho”. A segunda parte do discurso do Adamastor tem já uma conotação autobiográfica, pois assistimos à evocação do passado amoroso e infeliz do próprio Camões. O Gigante Adamastor diz ainda que as naus portuguesas terão sempre um “inimigo a esta paragem” através de “naufrágios, perdições de toda a sorte, que o menor mal de todos seja a morte”, a fazer lembrar as palavras proféticas do Velho do Restelo. Após o seu desabafo junto dos lusitanos, a nuvem negra “tão temerosa e carregada” desaparece e Vasco da Gama pede a Deus que remova “os duros casos que Adamastor contou futuros”. Este episódio é importante, pois nele se concentram as grandes linhas da epopeia. Está presente o real maravilhoso (dificuldade na passagem do cabo aliada a uma figura mítica), existem profecias (História de Portugal) e lirismo (história de amor, que irá ligar-se mais tarde, à narração maravilhosa da Ilha dos Amores). É um episódio de amor trágico, bem como um episódio épico, em que se consolida a vitória do homem sobre os elementos (água, fogo, terra, ar). |
Ilha dos Amores |
O episódio da Ilha dos Amores encontra-se colocado estruturalmente na convergência de todos os diversos níveis de acção presentes na obra:
Fácil será fazer uma extrapolação e dizer que a Ilha é a visão paradisíaca do verdadeiro Portugal ou que ela representa uma utopia de feição idealista: o lugar da recompensa dos homens após o longo sofrimento, privação e risco da demorada viagem. Mas convém notar que, com a prática erótica que essa Ilha faculta aos homens e ao Gama, é feito, paralelamente, o discurso da revelação da sabedoria histórica e cosmogónica. Para além de considerações de carácter esotérico, o que o poema nos dá é de facto a prática e o apogeu do amor físico como sendo a chave textual para a abertura do conhecimento. Tais propostas são manifestamente heréticas relativamente às doutrinas, quer neoplatónicas, quer católicas. Caracterização da IlhaGradação ascendente (crescente) - primeiro a visão geral da ilha, depois o reino mineral (os outeiros, as fontes, pedras…), o reino vegetal (verdura, arvoredo, árvores de fruto…), reino animal (animais voadores: passarinho, rouxinol; aquáticos: cisne; terrestres; veado, lebre, gazela; e finalmente o plano humano (os Argonautas) e o plano divino (as deusas).Adjectivação expressiva, por vezes dupla: fresca e bela… Curva e quieta… fermosos outeiros… graciosa… alegre e deleitosa… Claras(…) e límpidas… alvas… A sonorosa linfa fugitiva… ameno… claras… bela… gentil… odoríferos e belos… lindo… fermosos… virgíneas… amados e queridos… etéreo… purpúreas… rubicunda… jucunda… roxos… verdes… piramidais… bela e fina… Hipérboles:
Sensações visuais (54-55):
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= A mitologia = |
A introdução da mitologia, do maravilhoso pagão, era própria do género épico, só que em Camões a mitologia greco-latina introduzida ultrapassa a função de simples adorno poético exigido pela regra de “imitação”. A partir das estrofes 19-20 do Canto I, os planos da viagem e dos deuses vão acompanhar-se sempre, intimamente relacionados, constituindo, no seu conjunto, a acção central da obra. A realização deste 1º Concílio marca o momento exacto em que os deuses são chamados a intervir, pronunciando-se sobre o futuro dos homens que navegam em mares até então desconhecidos, num empreendimento novo, extremamente importante, no qual vêm dando mostras de coragem e valor ao enfrentarem múltiplos perigos. Reconhecendo o valor de tais humanos, os deuses reúnem, a pedido de Júpiter, para deliberar se devem ou não ajudar os navegadores a encontrar um porto amigo em que possam repousar e recuperar alento para prosseguirem uma viagem que os Fados haviam já determinado viesse a ser coroada com êxito. Gera-se no Olimpo, onde os deuses se reuniram, grande desavença. Dois “partidos” se formam: um, encabeçado pela deusa do amor, Vénus, que defende que os portugueses sejam ajudados; outro, por Baco, deus do vinho, que é contrário a tal ajuda. A discussão é violenta, como expressivamente no-lo descreve Camões na estrofe 35: "Qual Austro fero ou Bóreas, na espessura, De silvestre arvoredo abastecida, Rompendo os ramos vão da mata escura, Com impito e braveza desmedida; Brama toda a montanha, o som murmura, Rompem-se as folhas, ferve a serra erguida: Tal andava o tumulto, levantando Entre os deuses, no Olimpo consagrado." Marte, deus da guerra e velho apaixonado de Vénus, tem então uma intervenção decisiva em que incita Júpiter a não voltar atrás com a decisão que já havia tomado de ajudar os navegadores portugueses: "Não tornes por detrás, pois é fraqueza Desistir-se de cousa começada" As razões que movem os diversos deuses na sua tomada de posição são devidamente apontadas por Camões. Júpiter, limita-se a cumprir, ou antes, a fazer cumprir as decisões dos Fados, pois sabe, à partida, que é inútil lutar contra eles, aceitando-as, de resto, por reconhecer o valor dos lusitanos. Quanto a Vénus, ela imagina que, ajudando os portugueses, poderá vir a lucrar: eles são descendentes dos romanos e, portanto, de Eneias, seu filho, de quem herdaram uma língua latina; são, por outro lado, conhecidos como devotos do amor, de que ela é deusa; prezam a beleza e poderão vir a promover o culto de Vénus no Oriente, se por ela forem ajudados; Marte, para além da "ligação" a Vénus, preza o valor militar dos portugueses; Baco é, de certo modo, o “mau da fita” pois a sua psicologia é complexa: não aceita que os portugueses venham a ser bem sucedidos no Oriente, vindo, um dia, a superar a sua própria fama nessas paragens. Que os portugueses, humanos, o ultrapassem a ele, um Deus, é algo que não poderá aceitar nunca; tudo fará, por conseguinte, para os liquidar, ainda que numa atitude de revolta contra Júpiter e os Fados. Porque é, no fim de contas, lúcido, ele intui desde logo aquilo que mais tarde virá a dizer: se os portugueses chegarem à Índia tornar-se-ão deuses, reduzindo os deuses à sua dimensão de simples mortais. Ele, Baco, não poderá consentir em tal inversão de valores, na desordem, no caos, na situação absurda que representaria uma total subversão da ordem do Universo. A presença da mitologia acompanhará a partir de agora toda a narração da viagem. Os deuses serão intervenientes sempre activos, quer assumindo funções de adjuvantes dos portugueses, quer de oponentes ao seu êxito. Estarão no centro da trama que constituirá a verdadeira intriga do poema, e da sua luta dependerão avanços ou pausas na viagem. Sintetizando, a função da mitologia neste poema é a seguinte: 1. Constituir uma parte importante do maravilhoso inerente aos poemas épicos em geral, obedecendo pois, a uma regra do género; 2. Assegurar a unidade interna da acção, pela criação de personagens activas e “humanizadas” que se contrapõem a personagens humanas, monolíticas e, de certo modo, “desumanizadas”, que são os navegadores; 3. Embelezar, pela participação na intriga, uma narração de viagem que se arriscava a tornar-se demasiado árida e “prosaica”; 4. Serem os deuses permanentemente autores de referências engrandecedoras dos portugueses, nomeadamente na formulação de profecias; 5. Essencialmente, serem pólo de confronto permanentemente com os homens, de modo a que seja evidenciada a supremacia destes últimos. |
= Os Deuses = |
Anfitrite - Mulher de Neptuno, filha de Nereu (Deus do oceano) e de Dóris. Foi primeiramente considerada deusa do Mediterrâneo, mas este domínio alargou-se depois aos outros mares. Apolo - Filho de Júpiter e Latona, irmão de Diana. Conduzia o carro do sol. Tinha-se como o deus da medicina, da poesia, da música, das artes. Era o chefe das nove musas, com quem habitava os montes Parnaso, Hélicon, Piério, as margens do Hipocrene e do Permesso, onde ordinariamente pastava o cavalo alado Pégaso, do qual se servia para montar. O galo, o gavião e a oliveira eram-lhe consagrados, por em tais seres se terem metamorfoseado os entes que mais amara. Apolo era representado com uma lira na mão ou com os instrumentos próprios das artes, colocados junto de si, num coche tirado por quatro cavalos. Baco - Filho de Júpiter e de Sémele. Nasceu em Tebas e foi pai de Luso. Juno, esposa de Júpiter, sabedora das relações amorosas entre aquele Deus e Sémele, induziu a rival, aparecendo-lhe sob as feições da ama ou de uma amiga, a solicitar que o amante a visitasse na plenitude da sua glória. A ingénua desventurada viu, porém, a própria casa a arder e imediatamente pereceu nas chamas provocadas pelo fulgor do pai dos deuses. Júpiter, no entanto, conseguiu salvar o filho (que receberia o nome de Baco), o qual Sémele ainda não dera à luz, recolhendo-o na barriga da perna, onde se completou a gestação. Quando adulto, Baco conquistou a Índia e depois o Egipto, sendo, todavia, pacífico e benéfico o seu domínio: ensinou a agricultura aos homens e foi o primeiro que plantou a vinha, tendo sido adorado como o deus do vinho. Cupido - Filho de Marte e de Vénus. Presidia aos prazeres e era representado na figura de um menino nu, com arco e aljava cheia de setas. Diana - Filha de Júpiter e de Latona, irmã de Apolo. Deusa da caça e da castidade. O seu poder permitiu metamorfosear Actéon em veado por a ter visto banhar-se. Dóris - Filha do Oceano e de Tétis, casou com Nereu de quem teve as Nereidas, ninfas do mar. Hércules - Filho de Júpiter e de Alcmena. O pai dos deuses, para enganar Alcmena, tomou a forma do marido, Anfitrião, na ausência deste. Juno, justamente indignada, conseguiu que Euristeu, rei de Micenas, obrigasse Hércules a doze trabalhos perigosíssimos, com o desejo de vê-lo morrer em um deles. Hércules porém, venceu. Júpiter - O pai dos deuses. Filho de Saturno e de Reia. Como Saturno devorava os filhos à medida que Reia ia dando à luz, quando foi a vez de Júpiter, Reia substituiu-o por uma pedra embrulhada, a qual Saturno imediatamente devorou. Júpiter foi levado para Creta, onde a cabra Amalteia lhe deu de mamar. Adulto, expulsou do céu o pai e casou com Juno. Reservou para si esta soberania, e deu o império das águas a Neptuno, o dos infernos a Plutão. Marte - Filho de Júpiter e de Juno, Deus da guerra. Juno concebeu Marte, quando, irritada contra Júpiter por este ter dado à luz Palas, fazendo-o sair do próprio cérebro se sentou sobre uma flor fecundante, que lhe fora revelada pela deusa Flora. Presidia a todos os combates, mas nem por isso era pequena a ternura que votava a Vénus, por apaixonadamente amada. Era representado na figura de um guerreiro, completamente armado, com um galo junto de si. Mercúrio - Filho de Júpiter e de Maia. Deus da eloquência, do comércio e dos ladrões. Era o mensageiro dos deuses, particularmente de Júpiter, que lhe pegara na cabeça e nos calcanhares asas para as suas ordens serem executadas com uma maior rapidez. Neptuno - Filho de Saturno e de Reia, irmão de Júpiter e de Plutão. Deus do Mar, casou com Anfitrite. Era representado com um tridente na mão sobre um coche puxado por cavalos-marinhos. Tétis - É uma das Nereidas, filha de Nereu, o velho do mar, e de Dóris. É por consequência uma divindade marinha e imortal e é a mais célebre de todas as Nereidas. Teve vários filhos, entre eles Aquiles. Vénus - Filha do Céu e da Terra. É a deusa do Amor e da beleza. Após o nascimento foi levada pelas Honras ao Céu, onde os deuses ficaram extasiados de tanta formosura. Vulcano recebeu-a por esposa, como prémio de haver fabricado os raios de que Júpiter necessitou, quando os Gigantes quiseram expulsá-lo do Céu. A deusa, porém, incapaz de sofrer a fealdade do marido, procurou a companhia dos outros deuses, entre os quais Marte, de quem teve Cúpido. Amou também Adónis e Anquises do qual nasceu Eneias. Vulcano - Filho de Júpiter e de Juno, Deus do fogo. Sua considerável fealdade aumentou com um pontapé recebido do próprio pai, de que resultou ficar coxo. |
= Figuras de estilo = |
Alegoria - Metáfora desenvolvida de modo a sugerir, por alusão, uma ideia diferente. O autor pretende, geralmente, apresentar uma verdade moral ou espiritual subjacente à acção. Ex.: A alegoria da Ilha dos Amores (IX), sendo a ilha sinónimo de recompensa e de paraíso. Aliteração - Repetição de um ou mais fonemas consonânticos para intensificar e aumentar a expressividade: Ex.: "Sois senhor superno" (I, 10). Anáfora - Repetição (de que resulta sobressair o que se repete) de uma palavra ou de um membro de frase: Ex.: "Vistes que, com grandíssima ousadia Vistes aquela insana fantasia Vistes, e ainda vemos cada dia," (VI, 29). Anástrofe - Inversão da ordem das palavras, antepondo-se o determinante (proposição + substantivo) ao determinado ou ao complemento do verbo. Neste caso, a inversão é menos violenta do que no hipérbato: Ex.: "Qual vermelhas as armas faz de brancas;" (VI, 64). Antítese - Confronto de dois elementos ou ideias antagónicas, no intuito de reforçar a mensagem: Ex.: "Tanto de meu estado me acho incerto, Que em vivo ardor tremendo estou frio." Antonomásia - Utilização de um nome sugestivo, grandioso ou não, em vez do nome próprio: Ex.: "O sábio Grego... // O troiano..." (=Ulisses) (I, 3). Apóstrofe - Apelo do autor, através de interrupções, invocando pessoas ausentes, coisas ou ideias sob forma exclamativa: Ex.: "E tu, nobre Lisboa, que no mundo..." (III, 57). Assíndeto - Sequência de palavras ou frases em que se omite a conjunção e, substituída por vírgula, condensando várias ideias numa só frase ou verso: Ex.: "Fere, mata, derriba, denodada" (III, 67). Assonância - Repetição dos mesmos sons vocálicos em palavras muito próximas: Ex.: "As armas e os barões assinalados" (I,1). Comparação - Aproximação entre dois termos ou expressões através de uma partícula comparativa (como), levando à compreensão mais profunda do primeiro termo: Ex.: "Qual aos gritos…// Tal do rei…" (III, 47-48). Elipse - Supressão de palavras que facilmente se adivinham, tendo em conta o contexto: Ex.: "Agora, pelos povos seus vizinhos, / Agora, pelos húmidos caminhos (II, 108). (Agora, pergunta pelos...). Epifonema - Exclamação sentenciosa a concluir uma narrativa ou um discurso: Ex.: "Mísera sorte! Estranha condição!" (IV, 104). Eufemismo - Expressão que atenua ou modifica o sentido violento, mau ou desonesto da narrativa: Ex.: "Tirar Inês ao mundo determina," (III, 23). Gradação - Ordenação das ideias em escala crescente ou decrescente: Ex.: "Horrendo, fero, ingente e temeroso" (IV, 28) - Crescente. "Com mortes, gritos, sangue e cutiladas" (IV, 42) - Decrescente. Hipérbato - Inversão violenta da posição dos membros de uma frase: Ex.: "...os duros/Casos que Adamastor contou, futuros" (V, 60). Hipérbole - Exagero de qualquer realidade para a tornar mais saliente, exagero este que serve para ferir o pensamento quando tomada à letra: Ex.: "Que a vivos medo, e a mortos faz espanto,". Ironia - Exprime o contrário do que as palavras ou frases significam, para que se compreenda ou a estupidez ou a fraqueza que se pretende castigar após se verificar a discordância: Ex.: "Oulá, Veloso amigo, aquele outeiro (...) Por me lembrar que estáveis cá sem mim;" (V, 35). Metáfora - Consiste em designar um objecto ou ideia por uma palavra que convém a outro objecto ou outra ideia - ligados aqueles por uma analogia. A metáfora é num único, os dois termos da comparação sem a partícula comparativa como: "Tomai as rédeas vós do reino vosso:" (I, 15). Metonímia - Substituição de um nome ou de uma ideia por outro termo com que esteja em íntima relação. Ex.: "De Portugal, armar madeiro leve" (VI, 52). Madeiro = nau, pois é feita de madeira. Onomatopeia - Representação auditiva ou visual pelos sons das palavras, além do respectivo sentido: tentativa de imitação dos ruídos naturais através dos fonemas da linguagem: Ex.: "Polas concavidades retumbando." (III, 107). Perífrase - Expressão por diversas palavras daquilo que se poderia dizer mais concisamente ou apenas por uma palavra: Ex.: "Pelo neto gentil do velho Atlante." (=Mercúrio) (I, 20). Personificação ou Prosopopeia - Atribuição de qualidades, atributos e impulsos humanos a seres inanimados e a animais irracionais. Ex.: "Os altos promontórios o choraram," (III, 84). Pleonasmo - Repetição desnecessária da mesma ideia. Ex.: "Vi, claramente visto, o lume vivo" (V, 18).Sinédoque - Consiste em tomar o todo pela parte e a parte pelo todo, o plural pelo singular ou o singular pelo plural: Ex.: "Que da Ocidental praia Lusitana" (=Portugal) (I,1). Sinestesia - Associação de sensações recebidas através dos diferentes sentidos. Ex.: "As areias ali de prata fina" (VI,9). Visão - prateado; tacto - textura fina das areias. Obs. - Esta listagem não dispensa o estudo de todas as figuras de estilo que se encontram no manual. |
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